O QUE BUSCA UM PROFANO AO PRETENDER SER INICIADO EM NOSSOS AUGUSTOS MISTÉRIOS?

21/01/2014 17:21

(Por Murillo Torres, 9º, Venerável Mestre da ARLS Deus Harmonia e Amor nº 149, Oriente de Sento Sé)

                                      

                                      

Há profanos que pretendem conseguir a sua iniciação em nossa Sublime Ordem pelos motivos mais variados e impensáveis. Desde a mais exagerada vontade de saciar os seus mais inescrupulosos desejos materiais até o sentimento desmedido de conseguir descobrir “antigos mistérios”, ditos inacessíveis ao cidadão comum.

 

Segundo o nosso Irmão Kurt Max Hauser, “em regra geral, é uma mistura de tudo, acrescido de curiosidade” (Coletânea de Trabalhos - A Trolha. 1993).

 

Bem, certamente, cada um de nós já ouviu muitas explicações lastimáveis. Do tipo que diz: (i) “a Maçonaria é, na verdade, uma sociedade de autoajuda”, (ii) “ingressando na Maçonaria você faz um pacto com o diabo pra ficar rico”, (iii) “um grupo maçônico chamado “Iluminatti” é quem toma as mais importantes decisões políticas do mundo”, (iv) “quem efetivamente governa o Mundo são os Maçons Iluminatti”.

 

Ora, este Mestre Maçom que vos escreve foi regularmente iniciado na Maçonaria no ano 2008, ou seja, já estou bem próximo do 06º (sexto) ano de Maçonaria. Atualmente, o meu grau é o 9º, do Rito Escocês, também, sou Venerável Mestre de uma Loja Maçônica que foi fundada com a minha ajuda. A minha pretensão não é apresentar um Curriculum e nem - muito menos - fazer marketing pessoal por meio deste texto. Mas, pretendo garantir que o leitor fique ciente da origem interna do presente texto, isto é, de que se trata de uma fonte confiável da Ordem.

 

Continuando, então: Bem, curiosamente, não fiquei rico ainda. Sou advogado e tenho que “matar um leão por dia” pra conseguir me manter e pagar as minhas contas. Quer saber mais? Até agora, não descobri nenhum mistério antigo que ainda não já tenha sido publicamente divulgado.

 

Nesse sentido, alguém poderia me perguntar: Então, afinal, o que você encontrou na Maçonaria? Essa – definitivamente – é uma pergunta que parece fácil, mas, na verdade, é muito difícil de responder. Seria muita audácia para qualquer maçom pretender responder essa pergunta sem pensar ao menos um minuto antes de expor suas ideias. Inclusive, eu sugeriria até que, antes de responder, façamos uma pequena digressão:

 

Diz a Lenda que, Pitágoras, o filósofo matemático, após ter sido iniciado nos antigos mistérios egípcios, foi interpelado por alguém que queria saber o que ele tinha visto no Templo. Após pensar um pouco, Pitágoras simplesmente respondeu: “Nada”. Mas, que “nada” seria este a que Pitágoras se referiu? Certamente, Pitágoras – na verdade – se referia ao “nada” de si mesmo. O mesmo “nada” atribuído a Sócrates ao dizer que só sabia que “nada” sabia. Esse contexto somente me conduz a concluir – em palavras simples – e parafraseando um pequeno trecho das inscrições contidas no Templo de Apolo, em Delfos, que se não encontrarmos o que buscamos dentro de nós mesmos, fora é que não encontraremos.

 

Nesse mesmo sentido, meus irmãos, meus amigos, minha amada família, se ainda pretendem descobrir o que eu realmente encontrei na Maçonaria, eu vos direi: Eu encontrei o caminho que conduz para dentro de mim mesmo. Nesse sentido, quem só tem “nada”, encontra “nada”. Quem tem “tudo”, mas não sabia, encontra “tudo”. Cada um dá o que tem e, em consequência, recebe de volta o que ofereceu. Eu posso dizer – com plena convicção – que o que encontrei foi “tudo e nada”: “Tudo” em relação ao meu desejo pessoal de me melhorar e de me aperfeiçoar. E, “nada” em relação ao sentimento pessoal de imperfeição.  

 

Se conseguirmos descobrir que “NADA” somos, mas, que, mesmo assim, existe um “TUDO” dentro de nós que pode transformar completamente os nossos desejos e ilusões, em realidade pura e perfeita, começaremos a trilhar o Caminho da Sabedoria.